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Os seguidores de Jesus
John Paul Meier (2003, p. 259), em sua tentativa de reconstrução do Jesus histórico, nos mostra que os seguidores de Jesus podem ser divididos em “três círculo concêntrico” em torno de seu mestre. São eles: multidões, discípulos e os Doze. Contudo, nos alerta o autor que esse é um contorno “aproximado”, principalmente das multidões e dos discípulos, uma vez que a relação de cada um dos indivíduos desses dois “círculos” com Jesus em seu “ministério público poderia ter sido bastante fluída. Pessoas podem ter entrado ou saído de um determinado círculo, ou passado de um para outros. Considerações práticas, assim como graus de compromisso, poderiam ter ditado essas mudanças” (Meier, 2003, p. 250).
As multidões formavam o círculo exterior dos seguidores de Jesus. Conforme Meier (2003, p. 34), esse “teria sido o maior e o menos estável dos grupos” que seguia Jesus. Ainda de acordo com o autor, embora deva se analisar com muita cautela alguns números apresentados nos Evangelhos para mensurar algumas dessas “multidões” (por exemplo, quase cinco mil pessoas, como no relato da multiplicação dos pães e peixes em Marcos 6:44), existem indícios suficientes para acreditarmos que Jesus atraiu em torno de si um bom número de pessoas.
Os discípulos formavam o círculo intermediário dos seguidores de Jesus. Quanto a palavra “discípulos”, Meier (2003, p. 53) nos esclarece que “tem certas características definidas que são explicadas nos Evangelhos [...]. Por outro lado, os exatos limites do discipulado não são de todos claros. Algumas mulheres, como Maria Madalena, parecem preencher os requisitos para o discipulado, mas nenhuma é explicitamente chamada de discípula nos Evangelhos.” Os discípulos eram chamados por Jesus e deveriam largar tudo imediatamente para seguir seu mestre ((Mc 1:16-20; 2:14, Mt 8:20-23, Lc 9:59-62).
Os Doze, por sua vez, formavam o círculo interno dos seguidores de Jesus. Segundo Meier (2003, p. 137), “os Doze” configuravam “um grupo especial de doze homens que eram não apenas discípulos de Jesus, mas formavam um círculo íntimo em torno dele”. O autor nos alerta para o fato de que embora “os Doze” seja formado por discípulos de Jesus, nem todo discípulo de Jesus fazia parte desse grupo seleto.
A mensagem de Jesus
Como vimos no post sobre o Jesus histórico, Jesus era um profeta apocalíptico itinerante que pregava a iminente vinda do Reino de Deus e a derrota das forças do mal, dos ímpios. O Diabo e seus demônios seriam destruídos e o Reino de Deus seria, então, estabelecido na Terra, e Jesus, o messias, e os Doze, governariam esse Reino. Mas para que se pudesse entrar nesse Reino, seria necessário se preparar arrependendo-se e deixando de vez as forças do mal e seguindo as forças do bem e cumprir as ordens de Deus contidas nas leis judaicas. Contudo, dois desses mandamentos judaicos eram, na visão de Jesus (Mt. 22:36-40), os principais: amar a Deus com todo seu coração, sua alma e sua força (conforme Deuteronômio 6:4-6), e amar ao próximo como si mesmo (conforme Levítico 19:18). Ou seja, a mensagem de Jesus (o histórico) era a de um judeu que falava para judeus e que não parece ter tido a intensão de fundar uma nova religião, pois acreditava que o judaísmo, interpretado por ele, era a verdadeira religião (cf. Ehrman, 2010).
Bibliografia
EHRMAN, Bart D. Quem Jesus foi? Quem Jesus não foi?: mais revelações inéditas
sobre as contradições da Bíblia [livro eletrônico]. Rio de Janeiro: Ediouro, 2010.
MEIER, John P. Um judeu marginal: repensando o Jesus histórico, vol. 3, livro 1; companheiros. Rio de Janeiro: Imago, 2003. (Coleção Bereshit).
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