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Foto do escritorIgor Emerich

Dica de leitura: As bruxas: intriga, traição e histeria em Salem

Atualizado: 12 de jun. de 2023


Era junho de 1692 quando a primeira acusada por bruxaria foi enforcada na Colônia da Baía de Massachusetts. Até setembro do mesmo ano, outras treze mulheres, cinco homens e dois cachorros seriam mortos pelo mesmo "crime". Segundo Schiff (2019, p.19), depois do ocorrido, "seguiu-se um rígido silêncio chocado. O que incomodou os sobreviventes não foi a maliciosa prática de bruxaria, mas a desastrada aplicação da justiça. Parece que inocentes foram enforcados, enquanto alguns culpados escaparam. Não houve voto de jamais esquecer - e funcionou durante uma geração. Desde então nós conjuramos Salem, o pesadelo nacional americano, o episódio cruel de tabloide, o capítulo distópico do passado. Ele explode e salta através da história e da literatura dos Estados Unidos".


O julgamento das bruxas de Salem inspirou livros e filmes e foi um episódio infame protagonizado por puritanos que partiram da Inglaterra para "América do Norte a fim de exercer sua crença 'com mais pureza e menos perigo do que no país de onde vinham', como disse um pastor no auge da crise. Eles consideravam incompleta a Reforma, insuficientemente pura a Igreja da Inglaterra.


Tencionavam completar a tarefa em novo local e tinham a vantagem de construir do nada uma civilização. Protestantes não conformista, eles eram duplamente dissidentes. Isso não os tornava pessoas bem-aceitas, pois teriam a criar cisões e facções. Como qualquer povo oprimido, se definiram por aquilo que os ofendia, o que daria à Nova Inglaterra um sabor destemido e, como já se afirmou, levaria à independência dos Estados Unidos.


Calvinistas rigorosos tinham percorrido uma grande distância para rezar como quisessem e eram intolerantes com os diferentes. Eram ardorosos, incuravelmente lógicos, de uma cultura tão homogênea como jamais existiu naquele continente. Se havia algum livro nas casas, estes era a Bíblia. Os americanos dos primórdios respiravam, sonhavam, disciplinavam e alucinavam com base em imagens e textos bíblicos" (pp. 21, 22).


Essa caça às bruxas é também um episódio claro de histeria em massa no Novo Mundo. Como nos diz a autora, "Salem é em parte a história do que acontece quando um conjunto de perguntas sem respostas encontra um conjunto de respostas inquestionáveis" (p. 22).


Essa é uma obra fundamental para quem tem interesse em conhecer como se deu o referido episódio. O livro ainda traz imagens de documentos usados na pesquisa, além de xilogravuras retratando bruxas voando em suas vassouras, fotos de supostos objetos usados em bruxaria etc.


A autora Stacy Schiff é uma escritora e jornalista estadunidense que escreveu a biografia de personagens históricos como Saint-Exupéry, autor de o Pequeno Príncipe, e de Cleópatra, rainha do Reino Ptolomaico do Egito. Schiff foi vencedora, em 2000, do Prêmio Pulitzer de Biografia ou Autobiografia.



SCHIFF, Stacy. As bruxas: intriga, traição e histeria em Salem. Rio de Janeiro: Zahar, 2019. (340 páginas)




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